Coronavírus

27/01/2021

Coronavírus: SP confirma casos da variante de Manaus; 'já está em todo o Brasil', diz pesquisador

Cientistas ainda investigam se linhagem é mais transmissível e letal e qual foi seu papel no colapso do sistema de saúde no Amazonas.

Três infecções pela nova variante do coronavírus identificada em Manaus foram confirmadas em São Paulo, informou o governo do Estado.

Todos os pacientes são considerados casos "importados". São pessoas com Covid-19 que foram atendidas em São Paulo mas têm "histórico de viagem ou residência em Manaus", disse a Secretaria de Saúde em nota nesta terça-feira (26).

SP confirma três casos de coronavírus com a variante do Amazonas

  • Essa é a primeira vez que a nova variante é detectada em outro estado brasileiro. Neste mês, Japão e Estados Unidos haviam detectado a nova cepa em pessoas que viajaram do Brasil para lá.
  • Os vírus nas amostras dos exames os três pacientes de São Paulo passaram por um sequenciamento genético no Instituto Adolfo Lutz para confirmar que se tratava da nova variante.
  • Essa cepa do coronavírus sofreu mutações que podem deixá-la mais infecciosa. Cientistas ainda estão investigando isso e o impacto da nova linhagem sobre o colapso do sistema de saúde no Amazonas.

O epidemiologista Jesem Orellana, pesquisador do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), tem estudado a variante encontrada em Manaus.

Para o cientista, a cepa está presente em diversos estados brasileiros, apesar de ainda não haver confirmações oficiais.

  • "Com certeza já está circulando por todo o Brasil. Não é possível que tenham achado em outros continentes e não tenha chegado a outros Estados", afirma.

Orellana diz que os indícios apontam que a nova variante seja mais infecciosa e mais mortal que muitas linhagens já conhecidas.

  • "Estamos começando a achar que essa variante pode realmente causar danos maiores que as outras."

O que dizem os cientistas

Pesquisadores de dez instituições, entre elas o Imperial College London e a Universidade de Oxford, ambas na Inglaterra, e o Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo, publicaram um artigo descrevendo casos dessa nova variante, que recebeu o nome de P.1.

Dados analisados por cientistas da Fiocruz Amazônia apontam que ela surgiu entre novembro e dezembro.

É esperado que, durante uma pandemia, o vírus sofra mutações à medida que é transmitido de pessoa para pessoa.

O monitoramento das alterações no código genético ajuda a acompanhar os casos preocupantes e, eventualmente, a que sejam tomadas medidas que bloqueiem a cadeia de transmissão.

O que chama a atenção no caso desta variante manauara é que as mudanças ocorreram nos genes que codificam a espícula, a estrutura que fica na superfície do vírus e permite que ele invada as células do nosso corpo.

Isso pode deixar o coronavírus ainda mais infeccioso.

Como foi feito o estudo?

A pesquisa foi publicada no site Virological.Org, um fórum de discussão que reúne as últimas informações sobre evolução viral e epidemiologia.

Os cientistas analisaram o material genético de 31 amostras de pacientes com Covid-19 em Manaus. Desses, 13 indivíduos (ou 42% do total) apresentavam justamente essa nova linhagem.

Alguns dias antes, o Japão havia anunciado a detecção de uma nova cepa de coronavírus em pessoas que viajaram do Brasil para lá.

Tudo indica que essa mutação encontrada no país asiático seja a mesma que se originou na capital do Amazonas.

O que ainda não se sabe?

Por mais que represente um sinal de alerta, o trabalho recém-publicado precisa ser ampliado para que todos possam entender melhor o impacto da nova linhagem na pandemia em Manaus.

A cidade, inclusive, vive uma situação dramática nas últimas semanas: os hospitais públicos e privados estão completamente lotados e os materiais de proteção e tratamento são escassos.

A curva de novos casos e de mortes não para de subir na região. Até esta quarta, o estado do Amazonas contabiliza 254,4 mil casos e 7,4 mil óbitos por Covid-19.

Não se sabe, no entanto, se a nova variante tem alguma influência neste cenário caótico. Para responder a essas dúvidas, nos próximos dias os cientistas pretendem aumentar o número de amostras analisadas.

"Há dois fenômenos: um aumento inexplicável na mortalidade, a partir de dezembro, e um aumento das internações novas. Claro, há mortes que ocorreram porque a rede médica hospitalar foi desestabilizada pelo aumento de atendimentos (...). Mas há muitos casos de pessoas que morreram no hospital, mesmo com assistência médica", diz Orellana.

Segundo Orellana, há diversos relatos de médicos de Manaus que apontam que a nova variante do vírus é ainda mais perigosa.

"Um médico que atua em uma das instituições mais conhecidas em Manaus relatou a deterioração de pacientes internados com Covid-19 agora, na segunda onda da pandemia. São pacientes com assistência, (cuja saúde) se deteriora mais rápido. Esse relatos do médico me deixaram impressionado, porque vai ao encontro de uma série de relatos de outros colegas", diz.

Mas Orellana avalia que ainda são necessários estudos para afirmar que a variante encontrada em Manaus é mais perigosa que as que já são conhecidas.

"O que temos ainda são apenas observações clínicas. Ainda não há uma análise científica", diz.

Há outras variantes?

Sim. Nas últimas semanas, autoridades sanitárias notificaram o aparecimento de variantes que geram preocupação em outros lugares do mundo.

A Organização Mundial da Saúde está acompanhando de perto cepas detectadas no Reino Unido e na África do Sul. Os dados indicam que elas são mais transmissíveis que as versões anteriores.

Orellana aponta que essa característica também pode estar na presente na variante de Manaus, porque ela tem semelhanças genéticas com a do Reino Unido. "Não seria nenhuma grande surpresa", aponta o especialista.

Na última sexta-feira (22), o primeiro ministro do Reino Unido, Boris Johnson, afirmou que a nova variante encontrada no país pode ser mais letal do que as linhagens já conhecidas. Mas as pesquisas continuam em seu estágio preliminar.

"Além de se espalhar mais rápido, agora parece que há evidências de que a nova variante pode estar associada com uma taxa maior de mortalidade", disse o primeiro-ministro.

Mesmo que as novas linhagens do vírus não sejam mais agressivas, o fato de elas afetarem mais gente pode ter um impacto no número de óbitos.

O que fazer para se proteger?

Enquanto não temos mais informações a respeito das novas linhagens, as medidas de prevenção continuam as mesmas.

A recomendação é que as pessoas fiquem o máximo de tempo possível em casa e sempre usem máscaras quando precisarem sair.

Arejar e ventilar os ambientes também é muito importante. Lavar as mãos com frequência com água e sabão ou álcool em gel é outra medida essencial.

FONTE G1

Variante de Manaus já foi identificada em oito países, alerta OMS

27/01/2021

Variante de Manaus já foi identificada em oito países, alerta OMS

Na terça-feira (26), o estado de São Paulo confirmou os três primeiros casos de contaminação com a variante amazonense.

Em seu informe epidemiológico divulgado semanalmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que a variante da Covid-19 identificada originalmente no Brasil, a P.1, já está em oito países. O documento diz que a transmissão acelerada no país levanta preocupações, mas que mais estudos ainda são necessários "para avaliar se há alterações na transmissibilidade, gravidade ou atividade neutralizadora de anticorpos como resultado destas novas variantes".

"No Brasil, onde a variante foi inicialmente identificada além da detecção em um grupo de viajantes do Brasil para o Japão, o número de novos casos semanais nas últimas duas semanas é relatado em níveis mais elevados em comparação com o de setembro a novembro de 2020, e novas mortes semanais aumentaram desde o início de novembro de 2020", explicou a OMS.

SAIBA MAIS: Linhagens, cepas e mutações do coronavírus

VARIANTES DA COVID: Por que o Japão descobriu antes do Brasil a linhagem do vírus vinda de Manaus

A organização cita também as outras duas variantes em circulação: a britânica e a cepa sul-africana.

Segundo a OMS, a variante britânica já está em 70 países em todas as seis regiões, dez a mais de uma semana atrás. No Reino Unido, ela demonstrou ter maior transmissibilidade em comparação com as variantes que circulavam anteriormente. Já a cepa sul-africana foi identificada em 31 países em cinco das seis regiões da OMS, oito a mais do que na contagem anterior.

Primeiros casos em SP

Na terça-feira (26), a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo confirmou os três primeiros casos no estado da nova variante identificada em Manaus. É a primeira vez que essa variante foi confirmada em outro estado brasileiro.

A presença da nova variante foi detectada em amostras dos três pacientes que tiveram Covid-19 e que passaram por atendimento em serviços da rede pública de saúde em São Paulo, com histórico de viagem ou residência em Manaus.

Segundo a secretaria, os vírus sequenciados são da linhagem P.1 e possuem mutações em posições do gene que codifica a proteína spike. Esta proteína é responsável pela maneira como o vírus se liga às células do corpo humano.

Apesar dos indícios de que mudanças na proteína spike podem facilitar a propagação do coronavírus, ainda não há comprovação científica de que a variante de Manaus seja mais transmissível em comparação com a versão do vírus que predomina no país.

FONTE G1

Variantes do coronavírus:

27/01/2021

Variantes do coronavírus: os perigos das mutações ao combate da pandemia de Covid-19

Cada vez que o coronavírus passa de uma pessoa para outra, há pequenas alterações em seu código genético, mas os cientistas estão começando a notar padrões na forma como o vírus está se transformando.

Por mais de três meses, o paciente lutou contra a Covid-19. Seu sistema imunológico já estava em péssimo estado quando ele pegou o vírus — em meio a um tratamento para combater um linfoma, tipo de câncer do sangue, que exauriu algumas de suas células imunológicas.

Como ele estava com poucas das defesas habituais do organismo contra infecções, o vírus foi capaz de se espalhar relativamente sem controle pelo seu corpo.

Enquanto os médicos tentavam ajudar o paciente idoso a lutar contra a Covid-19, deram a ele plasma sanguíneo coletado de pessoas que já haviam se recuperado da doença. Contidos nesse líquido marrom-leitoso — também conhecido como plasma convalescente — estavam anticorpos contra o vírus que poderiam ajudar a neutralizá-lo.

Ao longo de 101 dias de tratamento, os médicos do Addenbrookes Hospital em Cambridge, no Reino Unido, coletaram 23 amostras com swab (haste semelhante a cotonete). Cada amostra foi enviada para um laboratório próximo para ser analisada.

Mas quando os virologistas examinaram o material genético do vírus nas amostras, notaram algo surpreendente — o vírus causador da Covid-19 estava evoluindo diante de seus olhos.

"Vimos algumas mudanças notáveis no vírus ao longo desse tempo", diz Ravindra Gupta, especialista em doenças infecciosas do hospital e microbiologista clínico da Universidade de Cambridge, que analisou as amostras do paciente.

"Vimos mutações que pareciam sugerir que o vírus estava dando sinais de adaptação para evitar os anticorpos do tratamento de plasma convalescente. Foi a primeira vez que vimos algo assim acontecendo em uma pessoa em tempo real."

Quase um ano após o início da pandemia de Covid-19, a questão das mutações ganhou força. Novas variantes capazes de se espalhar mais rapidamente estão surgindo e levando a questionamentos inevitáveis sobre até que ponto podem tornar as vacinas recém-aprovadas menos eficazes.

PFIZER: Vacina conseguiu neutralizar mutação do coronavírus em laboratório, dizem cientistas da farmacêutica

MODERNA: Empresa diz que vacina funciona contra variantes do coronavírus, mas vai testar dose extra e nova fórmula

Até o momento, há poucas evidências de que isso possa acontecer, mas os cientistas já estão começando a analisar como o vírus sofrerá mutação no futuro — e se poderão ser capazes de evitar isso.

Vejamos o que eles aprenderam até agora.

Entre as mutações que Gupta e seus colegas identificaram, estava a eliminação de dois aminoácidos — conhecidos como H69 e V70 — na proteína spike, localizada na parte externa do vírus causador da Covid-19. Esta proteína desempenha um papel fundamental na capacidade do coronavírus de infectar as células.

A cápsula oleosa que envolve a maior parte do vírus é cravejada com essas espécies de espinhos (spikes) projetados para fora, fazendo com que pareça uma coroa quando observado por meio de um microscópio eletrônico. É essa aparência que dá nome à família dos coronavírus — corona significa "coroa" em latim.

E os spikes são a principal maneira pela qual a Covid-19 reconhece as células que pode infectar, eles ajudam o vírus a penetrá-las.

Quando Gupta e sua equipe examinaram mais de perto a exclusão na proteína spike que haviam identificado, os resultados se mostraram preocupantes.

"Fizemos alguns experimentos de infecção usando vírus artificiais, e eles revelaram que a mutação H69/V70 aumenta a infecciosidade em duas vezes", diz Gupta.

Isso levou os pesquisadores a vasculhar os bancos de dados genéticos internacionais de Covid-19. Foi quando descobriram que algo mais alarmante estava acontecendo.

"Queríamos ver o que estava acontecendo em todo o mundo e nos deparamos com esse grande grupo de sequências em expansão [H69 / V70] no Reino Unido", conta o especialista.

"Quando olhamos mais de perto, descobrimos que havia uma nova variante causando um grande surto."

Quando fizeram essa descoberta no início de dezembro do ano passado, especialistas em doenças infecciosas em outras partes da Inglaterra estavam se esforçando para entender o rápido aumento do número de casos em Londres e no sudeste da Inglaterra, apesar do lockdown nacional.

Eles começaram a notar algo estranho nos resultados dos testes de Covid-19.

A principal ferramenta de diagnóstico da doença são os testes PCR (sigla para reação em cadeia da polimerase), que buscam traços do material genético do vírus nas amostras coletadas.

Normalmente, ele foca em três partes do vírus para confirmar a presença de uma infecção.

Mas um desses alvos estava ficando cada vez mais negativo em amostras de regiões da Inglaterra onde o número de casos estava em rápida expansão, enquanto os outros dois alvos continuavam a funcionar nos testes.

"Não perdemos casos, mas é incomum ver duas (partes) dos testes funcionando, mas uma terceira não", afirmou Wendy Barclay, virologista do Imperial College London e membro do grupo de conselheiros científicos sobre vírus respiratórios novos e emergentes do Reino Unido ao programa Today, da BBC, em 22 de dezembro.

O fragmento do vírus que esta parte do teste PCR visava era uma sequência da proteína spike. Quando os cientistas investigaram mais a fundo, descobriram que o vírus nessas amostras havia sofrido uma mutação — a mesma H69/V70 identificada por Gupta —, o que significava que o teste PCR, às vezes, não conseguia detectá-lo.

Junto com essa mudança genética, eles também encontraram 16 outras mutações que alteraram as proteínas virais que haviam codificado, incluindo várias na proteína spike. O que eles descobriram foi uma nova linhagem do vírus da Covid-19 que sofreu várias mutações em um período de tempo relativamente curto.

E chamaram a nova linhagem de B117 — a variante britânica da Covid-19, também conhecida como VOC 202012/01 no fantástico mundo das nomenclaturas do coronavírus. Ela deixou um rastro por todo o Reino Unido e se espalhou para 50 outros países em meados de janeiro.

O surgimento dessa nova variante — que se estima ser 50%-75% mais transmissível do que a versão original do vírus — junto a outras que estão sendo detectadas agora, como as variantes sul-africana e brasileira, revelou como o coronavírus está sofrendo mutações à medida que a pandemia avança.

Também levantou preocupações sobre como pode continuar mudando no futuro, à medida que tentamos combatê-lo com vacinas.

"Para mim, isso parece um vislumbre do futuro, onde estaremos em uma corrida armamentista contra esse vírus, assim como estamos com a gripe", afirma Michael Worobey, biólogo evolucionista viral da Universidade do Arizona, nos EUA.

A cada ano, a vacina contra a gripe precisa ser atualizada conforme seu vírus sofre mutações e se adapta para driblar a imunidade já presente na população, explica Worobey. Se o coronavírus demonstrar habilidades semelhantes, pode ser que tenhamos que adotar táticas parecidas para mantê-lo longe, atualizando regularmente as vacinas.

Muitos acreditam que as empresas farmacêuticas já deveriam estar atualizando suas vacinas para atacar as versões mutantes da proteína spike do vírus.

Mas será que os padrões de mutação que os cientistas estão vendo surgir ao redor do mundo podem oferecer uma pista sobre como o vírus continuará a evoluir?

"É difícil especular, mas é interessante que, de repente, parece haver muitas mutações surgindo que podem estar associadas ao escape imunológico ou reconhecimento imunológico", diz Brendan Larsen, estudante de doutorado que trabalha com Worobey.

Recentemente, ele identificou uma nova variante do vírus da Covid-19 circulando no Arizona que tem a mutação H69 / V70 observada em várias outras versões do vírus. Embora ainda esteja se espalhando em um nível relativamente baixo lá e em outros estados americanos, isso sugere que essa mutação em particular está ocorrendo de forma independente ao redor do mundo, diz Larsen.

Essa ocorrência repetida da mesma mutação em diferentes variantes dá algumas pistas sobre o que está acontecendo — como o vírus se espalhou por milhões de pessoas, ele pode estar enfrentando pressões evolutivas semelhantes que o estão levando a mudar de maneiras específicas.

"Por si só, elas provavelmente terão um impacto menor no geral", diz Larson. "Mas, juntas, todas essas mutações diferentes podem tornar mais difícil para o sistema imunológico reconhecer o vírus."

Isso pode fazer com que mais pacientes contraiam a doença duas vezes — e talvez também signifique que as vacinas precisem ser alteradas.

"Mesmo uma quantidade relativamente pequena de escape imunológico pode tornar mais difícil alcançar a imunidade coletiva", acrescenta Worobey.

Pesquisadores em Illinois, nos EUA, também identificaram recentemente outra nova variante, chamada 20C-US, que tem uma série de mutações únicas e específicas que podem alterar a capacidade do vírus de se replicar uma vez dentro das células humanas.

E também apresenta uma mutação perto de uma região da proteína spike que acredita-se ter sido crucial para permitir que o vírus saltasse entre espécies, chegando aos humanos no fim de 2019.

Essa região, conhecida como local de clivagem, permitiu ao vírus sequestrar uma importante enzima que opera no corpo humano. A enzima corta a proteína spike neste ponto, fazendo com que ela se abra e revele sequências ocultas que a ajudam a se ligar mais fortemente às células do trato respiratório humano, entre outras.

De acordo com os cientistas, uma mutação próxima a essa região pode alterar ainda mais esse comportamento.

Os pesquisadores por trás do estudo afirmam que a linhagem 20C-US está se espalhando rapidamente pelos EUA desde junho — e preveem que poderá se tornar em breve a variante dominante do vírus no país.

Recentemente, cientistas da Universidade de Manitoba, em Winnipeg, no Canadá, também identificaram o surgimento de duas variantes que se espalharam pelo mundo e estão associadas a "altas taxas de mortalidade" em comparação com o vírus anterior.

Uma apresenta uma mutação chamada V1176F na proteína spike, que ocorre junto com outra mutação denominada D614G.

A primeira letra dos nomes dessas mutações indica o aminoácido que foi substituído, o número é sua localização na proteína, e a última letra é o novo aminoácido que apareceu naquele local.

A mutação D614G sozinha apareceu relativamente no início da pandemia na Europa e causou um aumento drástico na carga viral compartilhada pelos pacientes infectados, o que ajudou o vírus a se espalhar mais rapidamente.

O acréscimo da mutação V1176F pode alterar esse comportamento ainda mais, dizem os pesquisadores canadenses, e ela apareceu em vários países de forma independente, sugerindo que oferece uma vantagem ao vírus.

A outra variante que eles identificaram apareceu rapidamente na Austrália e carrega a mutação S477N, que parece ter aumentado a capacidade do vírus de se ligar a células humanas.

Os pesquisadores alertam que essas duas novas mutações "podem representar problemas de saúde pública no futuro" se continuarem a se espalhar e proporcionar uma vantagem ao vírus.

Eles acrescentam que a Covid-19 parece "estar evoluindo de forma não aleatória, e os hospedeiros humanos modelam as novas variantes com aptidão positiva para poder facilmente se espalhar pela população".

Esses sinais de adaptação do vírus não são totalmente surpreendentes para os cientistas. Na maioria dos vírus e bactérias causadores de doenças, o uso de tratamentos e vacinas faz com que desenvolvam maneiras de escapar deles para que possam continuar a se espalhar.

Aqueles que desenvolvem resistência a um tratamento ou conseguem se esconder do sistema imunológico sobreviverão por mais tempo para se replicar e, assim, disseminar seu material genético.

"Não vejo razão para que esse processo seletivo evolutivo seja diferente em uma pandemia como a de Sars-CoV-2 [o vírus causador da Covid-19], em comparação com uma epidemia geograficamente localizada", diz Carolyn Williamson, chefe do departamento de virologia da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, e uma das pesquisadoras que identificou a variante sul-africana de rápida propagação em dezembro.

"Pode-se especular que o vírus sendo exposto a diferentes pressões seletivas em diferentes regiões do mundo, junto a sua rápida disseminação, poderia fazer essas propriedades mais favoráveis surgirem mais rapidamente, mas nós realmente não sabemos."

É claro que pode haver outras versões preocupantes da Covid-19 circulando em populações onde o sequenciamento genético necessário para detectá-las não é facilmente acessível. Uma das razões pelas quais o Reino Unido identificou a variante B117 logo foi pelo fato de ser líder mundial em testes e sequenciamento.

"Se novas variantes surgirem em um país onde não há muito sequenciamento de genoma, pode ser um problema real", diz Larson.

Um grupo de cientistas chineses usou vírus artificiais para testar mutações na proteína spike que poderiam levar o vírus a se tornar resistente a anticorpos retirados de pacientes que se recuperaram da Covid-19.

Eles descobriram cinco mutações que fizeram isso, mas uma em particular — N234Q — aumentou drasticamente o nível de resistência a anticorpos. Mas isso ainda não foi visto em nenhuma das variantes que despertam preocupação circulando ao redor do mundo.

O estudo dele, no entanto, também oferece alguma esperança, uma vez que a identificação dessas mudanças pode ser útil no desenvolvimento de futuras vacinas.

Mas, à medida que os cientistas observarem mudanças no vírus nos próximos meses, eles também estarão perfeitamente cientes das inúmeras tragédias pessoais que estão por trás dos bancos de dados de genomas de vírus e gráficos que mostram sua disseminação. Mais de dois milhões de pessoas perderam a vida em decorrência da Covid-19 até agora.

Entre elas, está o homem idoso que tinha um linfoma e foi tratado pelos colegas de Gupta no Addenbrookes Hospital, em Cambridge.

"Ele recebeu um diagnóstico de câncer terminal, mas conseguiu sobreviver por 10 anos até a Covid-19 aparecer", diz Gupta.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.

Fonte G1

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